Histórias Inspiradoras

O brilho é delas: as lições das atletas brasileiras nas Olimpíadas

Separamos algumas histórias das mulheres que representaram o Brasil nos Jogos

A participação das mulheres nos Jogos Olímpicos teve uma trajetória de muita luta para chegar onde está hoje. Nos Jogos da Antiguidade, elas eram proibidas até mesmo de assistir. Nos primeiros Jogos da Era Moderna, não podiam competir.

Hoje em dia podemos ver as mulheres ocupando diversos espaços dentro e fora da competição, mas foi apenas a partir de 2012, nas Olimpíadas de Londres, que elas puderam disputar todas as modalidades. Esse ano elas assumiram o protagonismo nos Jogos de Tóquio com o recorde de 49% de atletas mulheres. Alguns nomes como a ginasta americana, Simone Biles; a tenista que acendeu a pira Olímpica, Naomi Osaka; a capitã da seleção brasileira de futebol, Marta; e a fadinha do skate, Rayssa Leal, estão fazendo história nessa edição.

Ainda temos muito a melhorar. O presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, Yoshiro Mori, renunciou na véspera do evento devido à repercussão negativa dos comentários machistas feitos por ele em fevereiro, durante uma reunião de dirigentes da organização. Depois disso, foram nomeadas 12 mulheres para assumir posições executivas. 

Abaixo, relembramos alguns momentos que deixam claro: o brilho é delas!

Fadinha detona marginalização e preconceito

Rayssa Leal é conhecida como “Fadinha do skate”, depois de viralizar em um vídeo fazendo manobras fantasiada de fada aos sete anos. Tony Hawk, um dos maiores nomes do skate mundial, compartilhou o vídeo da menina de Imperatriz, no sul do Maranhão, que logo ficou conhecida no mundo todo. Apesar do estereótipo de que skate é “coisa de menino” e da marginalização desse esporte, Rayssa superou qualquer preconceito e optou por ouvir apenas o incentivo de pessoas que a apoiam, como sua mãe, que teve a presença autorizada dentro da Vila Olímpica e de suas parceiras de time, Pâmela Rosa e Leticia Bufoni, em quem sempre se inspirou.

 

Depois de muito trabalho e dedicação, Rayssa, agora aos 13 anos, encontrou “Tonizinho”, apelido atribuído por ela a Tony Hawk, que lá em 2015 divulgou o talento da skatista em sua rede social. O fato é que Rayssa fez história, além de ser a mais jovem medalhista do Brasil em Olimpíadas, é a primeira brasileira a subir ao pódio no skate, conquistando a medalha de prata. Conto de fadas ou não, sabemos que não termina por aqui, apesar de já ter um final feliz. Rayssa é inspiração para muitas meninas que sonham em viver do esporte.

 

Duas medalhas, muitas batalhas

Rebeca Andrade, ginasta de 22 anos, fez história como a primeira brasileira a conquistar duas medalhas na mesma edição dos Jogos Olímpicos. Além da prata no individual geral, ela também ganhou o ouro no salto individual. Essas vitórias representaram a superação de obstáculos. Rebeca passou por três cirurgias no joelho direito entre 2015 e 2019, se afastando do ginásio por um tempo. Mas não é de hoje que sua trajetória é marcada por superação. A jovem negra, de origem humilde e criada pela mãe solo, iniciou na ginástica aos quatro anos no Ginásio Bonifácio Cardoso, da prefeitura de Guarulhos, em São Paulo. Rebeca ficou conhecida como “Daianinha de Guarulhos”, em referncia à sua inspiração na ginástica; Daiane dos Santos, que se emocionou ao falar sobre a vitória da companheira de modalidade (vídeo abaixo).

Outra inspiração de Rebeca na ginástica, Simone Biles, também mostrou apoio a ela, vibrando nas arquibancadas com a performance da brasileira. Quatro vezes medalhista de ouro nas Olimpíadas, a americana decidiu ficar de fora das finais no individual geral, do salto, das barras assimétricas e do solo a fim de priorizar sua saúde mental, voltando a competir apenas na final da trave. A ginasta chamou atenção para um assunto muito importante dentro e fora dos esportes. Mulheres gigantes!

A ginasta Rebeca Andrade nos Jogos de Tóquio

 

Desistir jamais!

Ainda sobre as brasileiras medalhistas em Tóquio, Mayra Aguiar, de 29 anos, se tornou a primeira judoca brasileira a ganhar três medalhas Olímpicas. Mayra, que já havia ganhado o bronze nos Jogos de Londres 2012 e na Rio 2016, levou a 24ª medalha conquistada pelo judô na história dos Jogos. Mas não foi fácil chegar até aqui. Ela passou por sete cirurgias no joelho e  ficou 16 meses sem lutar entre 2020 e 2021. “Estou bem emocionada. Acho que é a conquista mais importante para mim. Foi bem difícil esses últimos anos. Não aguentava mais fazer cirurgia, estava muito cansada. Tive medo, tive angústia. Eu continuei, acreditei por pior que estivesse. Fizemos o nosso melhor. Então, estou bem emocionada. Tento me acalmar, mas está sendo muito importante isso para mim”, declarou ela. Mayra é, sem dúvidas, orgulho para a menina de seis anos que começou a treinar judô, e para todas as brasileiras que assim como ela lutam em busca da medalha Olímpica.

 

Contra a desvalorização da mulher no esporte

Marta, eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo, foi para as Olimpíadas sem patrocínio. Desde 2018 ela tem recusado propostas de marcas esportivas por entender que os valores oferecidos são desproporcionais diante de sua trajetória no esporte. Em Tóquio, a jogadora entrou em campo com a chuteira que carrega o símbolo ”Go equal”, relacionado a busca pela igualdade de gênero. Além disso, Marta usou o cabelo para cobrir o patrocínio estampado na camisa da seleção brasileira nas fotos oficiais da equipe para os Jogos. “(…) Não é só pelo dinheiro em si. É toda uma história. Mas muitas vezes, os contratantes da patrocinadora não enxergam por esse lado. É um conjunto de coisas para a minha decisão. E posso ver que, por outro lado, isso ajudou outras atletas”, declarou Marta.

As jogadoras Marta e Formiga se cumprimentando em campo

A camisa 10 da seleção se emocionou ao cantar a música “Não deixe o samba morrer”, de Alcione, após a derrota nos pênaltis do Brasil para o Canadá, pelas quartas de final dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Marta aproveitou para homenagear a volante Formiga, que aos 43 anos, pode ter disputado sua última edição das Olimpíadas. Ela agradeceu toda a dedicação da companheira de time e ressaltou o orgulho de terem jogado juntas. Agora é continuar apoiando as meninas, a modalidade. Porque o futebol feminino não acaba aqui, quero que as pessoas tenham essa consciência”. Marta deixa uma mensagem de esperança para um futuro de mais igualdade no esporte.

A maternidade nas Olimpíadas

Cristiane, a maior artilheira da história do futebol nas Olimpíadas, com 14 gols marcados, assumiu outra posição neste ano. A atacante foi para Tóquio como comentarista do futebol feminino e durante a partida entre Brasil e Holanda teve uma surpresa de seu filho (vídeo abaixo). “Galvão, o Bento gorfou na minha roupa inteirinha”, disse ela ao narrador, que interagiu deixando a situação mais leve. Apesar de inusitado, o momento ressaltou uma questão muito importante, a maternidade real, causando identificação em tantas mulheres que se desdobram para equilibrar-se nos papéis de mãe e profissional. Deixando de lado a glamourização, é necessário mostrar a realidade e mais uma vez o protagonismo feminino nos Jogos.

A luta por igualdade e respeito às mulheres no esporte precisa acontecer também nas escolas, que muitas vezes é o local onde são descobertos novos talentos. Apesar disso, ainda é uma realidade comum as meninas evitarem as aulas de Educação Física ou serem excluídas de determinadas atividades. Por isso, precisamos nos unir para mostrar que esporte é coisa de menina.

Que tal dar o primeiro passo e levar essa temática para as suas aulas?

Para te ajudar, o Impulsiona preparou um material completo sobre esse assunto. Está prontinho para você compartilhar com os alunos e discutir essa temática de forma dinâmica e interessante.

Para fazer o download gratuito, clique aqui.

16
Deixe um comentário

avatar
15 Todas os comentários
1 Todas as respostas
0 Seguidores
 
Comentário com mais reações
Resposta com mais engajamento
  Inscrever-se  
Mais novos Mais antigos Mais votados
Notificação
Andrezza Bertazzoni
Visitante
Andrezza Bertazzoni

Amei a matéria… Muito representativa, acolhedora, afrontosa, um jeito tão mulher de ser….arrasaram!

Anailda Pires da Silva Almeida
Visitante
Anailda Pires da Silva Almeida

É muito importante a visibilidade feminina nos esportes.

sthefanie nicolle
Visitante
sthefanie nicolle

parabens pra elas,materia maravilhosa.

sthefanie nicolle
Visitante
sthefanie nicolle

parabens elas nos representam,materia maravilhosa.

Edymario Silva
Membro
Edymario Silva

Muito bom o material.

Patrícia de Souza Bessa
Membro
Patrícia de Souza Bessa

Que maravilha de reportagem !!! Parabéns!!! Grata pela leitura e aprendizado.

Ângela Cristina da Silva
Membro
Ângela Cristina da Silva

Lendo estas histórias me vi um pouco em cada uma delas, me emocionei. Parabéns pelo belo texto!

yasmin santos da cunha
Visitante
yasmin santos da cunha

conteúdo bom maravilhoso muito bom gostei

yasmin santos da cunha
Visitante
yasmin santos da cunha

conteúdo bom

yasmin santos da cunha
Visitante
yasmin santos da cunha

que conteúdo bom

Henrique
Visitante
Henrique

Maravilhoso texto

Diandra Assis do Amaral
Visitante
Diandra Assis do Amaral

Que conteúdo maravilhoso e grandioso pessoal. PARABÉNS … Muito obrigada por dividir conosco todo esse conhecimento. Muito obrigada sempre 😉

Clovis.gonzaga@hotmail.com
Visitante
Clovis.gonzaga@hotmail.com

Ahahah, não acredito pela sublime gentileza Rita… Obrigado, muito feliz por isso. Meus alunos agradece! Parabéns

Alessandro
Visitante
Alessandro

Excelente conteúdo! Parabéns!

Vitor
Visitante
Vitor

Texto ta ótimo obg

Débora Ireno Dias
Visitante
Débora Ireno Dias

Só este texto já rende uma aula! Obrigada.