Histórias Inspiradoras

Professora de Ed. Física trabalha questões étnico-raciais com muita criatividade

Giovana Candido usa a dança, a literatura e brincadeiras para trabalhar temas sociais importantes

A professora de Educação Física Giovana Candido tem se destacado por seu trabalho com questões étnico-raciais e de diversidade. Especialista na inclusão por meio da atividade física, ela atua, na educação infantil e no ensino fundamental das redes pública e privada, e no Departamento de Cultura Turismo e Lazer da cidade de Américo Brasiliense (SP).

Por transitar pela educação e cultura, Giovana enxergou a oportunidade de desenvolver o projeto “Escola que dança”, no qual trabalha ritmos brasileiros e resgata a cultura do nosso país nas escolas, fazendo um recorte racial.

A dança, muito presente em seu trabalho, foi um dos motivos que a levou a cursar Educação Física. “Meu carro chefe é a questão da corporeidade, tudo pra mim vira dança e corpo”, explica ela.

A professora também aborda a questão etnico-racial em suas aulas por meio de jogos, brincadeiras e literatura. Giovana adquiriu um conjunto de livros que trazem a criança negra enquanto protagonista e faz a contação de histórias usando fantoches (imagem abaixo), com os quais sempre leva a diversidade ao debate. “As histórias tradicionais eles já vão ouvir do livro didático, então precisamos saber que existem outras histórias a serem contadas.”

Durante todo o mês de março deste ano, ela realizou atividades em homenagem às mulheres. Ela propôs uma contação de história do livro “Meninas negras” de Madu Costa, que valoriza as características dessas personagens para trabalhar a identidade afrodescendente na imaginação infantil. “Eu poderia ter contado a história da Bela Adormecida, mas eu tenho muito essa preocupação, porque através de estudos, relatos e conversas a gente sabe que infelizmente as meninas negras têm problemas muito grandes com a autoestima.”

Segundo a professora, os alunos se empolgam nas propostas das questões étnico-raciais, apesar de ser um trabalho árduo em que ainda vê a necessidade de evolução. Ela destacou questões relacionadas à autoestima, valorização da criança negra e de perspectiva de vida, que muitas vezes passam despercebidas e são alimentadas pela falta de referências. Por isso, se preocupa em levar a representatividade para suas aulas.  “Uma das situações mais impactantes foi quando entrei em uma sala de primeiro ano e uma aluna me disse que meu cabelo era igual ao dela”, conta Giovana, que é inspiração para muitas alunas.

A professora de Educação Física busca fazer parcerias e se envolver em projetos que acrescentem para o seu trabalho. Ela mantém contato com o Grupo Cultural Netos de Bandim, da Guiné Bissau, na África, com quem troca conteúdos para complementar as aulas, como brincadeiras e jogos de origem africana. No ano passado, Giovana passou para os alunos uma atividade sobre a amarelinha africana com o apoio do grupo (vídeo abaixo). A professora contou que ao caminhar no bairro reparou que nas calçadas haviam as amarelinhas desenhadas, o que foi bastante gratificante. “Muitas vezes o retorno dos alunos é o que me incentiva a ver que eu estou no caminho certo.” Isso serviu como um estímulo para ela se dedicar mais ao canal no Youtube, onde posta vídeos para os alunos durante a pandemia, e buscar outras ferramentas para melhorar as aulas.

Além disso, Giovana integra o “Práticas Pretagógicas”, um grupo de estudos que surgiu a partir da conexão de pessoas de diferentes áreas do conhecimento interessadas em trabalhar temáticas relacionadas à cultura negra. “A partir do momento em que a gente começou a estudar sobre a pretagogia, eu identifiquei que a gente já tem essa prática no nosso dia a dia, que é justamente esse olhar sensível, atento e empático de aproveitar as oportunidades para incluir a questão étnico-racial, trabalhando com essa educação antirracista e focada no aluno.”

Giovana destacou a importância da Educação Física para trabalhar a questão da diversidade nas escolas. “Na atividade física conseguimos identificar os detalhes, porque às vezes dentro da sala de aula, sentados um atrás do outro, esse corpo está tão condensado que talvez não vá expressar alguma situação que ele esteja passando.”, explica a professora.

Giovana acredita na educação enquanto base de transformação, por isso, incentiva que o olhar para a diversidade precisa ser de dentro para fora. “Às vezes não adianta eu ter um material ou uma referência teórica maravilhosa se a vontade e necessidade de ser um agente transformador não estiverem dentro de mim. A questão da história de cada um e das suas vivências reflete muito hoje no meu ser professor, educador e mãe.”, relata a professora, que segue realizando um trabalho inspirador. 

Gostou das ideias de como trabalhar questões étnico-raciais e da diversidade nas suas aulas? Deixe seu comentário abaixo!

E se você tem interesse no tema, confira nosso conteúdo sobre a capoeira na escola e acesse outros materiais sobre a cultura africana na Educação Física.

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24 comentários

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  1. Vanessa Manoela Pereira disse:

    Bom dia adorei aprendi bastante.

  2. Edson Jose vicente disse:

    Parabéns pelo conteúdo

  3. Sandro disse:

    Muito bom conteúdo.

  4. Raimunda Fabíola De Souza Corrêa disse:

    Bom dia ! Muito bom o conteúdo e a metodologia de ensinar.

  5. Alaene Goés disse:

    Professora sua ideia é magnífica.

  6. Maria da Conceição Barbosa da Silva disse:

    Parabéns está bricadeira é uma excelente atividade para trabalhar a coordenação motora das crianças e dos adultos e é muito divertida.

  7. Maria da Conceição Barbosa da Silva disse:

    Muito obrigada por nos mostrar essa visão de mundo, onde incluir pessoas não é só colocar uma pessoa negra junto a outro grupo para que ela se sinta igual aos outros, por que não adianta eu me colocar num grupo ou numa sociedade e eu ter que me adequar às suas regras e costumes e deixar as minhas origuens e meus conceitos . O poder falar, expressar, vivenciar a nossa cultura junto com outros grupos sem separação é sim uma interação que traz uma qualidade de educação e aprendizagem riquíssima para todos nós enquanto sociedade e seres humanos.

  8. Marlene Cuesta Telles disse:

    São essas e outras criatividades que nos ajudam a melhorar cada vez mais no nosso fazer pedagógico. Parabéns profª Giovana.

  9. Marieh costa bandeira vieira disse:

    Espetacular esse trabalho ajuda as crianças a nunca serem racistas

  10. Darlene Rocha disse:

    Que belo relato de experiência da profa Giovana. Precisamos envolver alunos/as e docentes nas “Práticas Pretagógicas”.

  11. Edison Dalla disse:

    cardosofaroleiro@gmail.com. Gostei muito.

  12. victor alef disse:

    Meus parabéns, professora. ótima iniciativa em tempos de aulas remotas. adorei!!!!!

  13. Maiza F. Santana Santos disse:

    Muito bom! Parabéns pelo trabalho!

  14. Karolini Rodrigues Teixeira disse:

    Parabéns professora! É um tema importantíssimo.

  15. Elis Regina disse:

    Lindo trabalho

  16. ELIANE SOUTO CERAVOLO disse:

    Parabéns seu trabalho é incrível.

  17. Olá!!!
    Sou Coreografia, amo a dança, desde pequenina prático esta atividade tão contagiante e expressiva.
    Sempre busco conhecimentos para que possa estravazar novos horizontes.
    Meus Parabéns!!! Professora seu trabalho é incrível!!!

  18. Gianny Estani disse:

    Muito bacana! Parabéns!
    Criatividade e dinamismo nas aulas de educação física, são essenciais.

  19. SIDNEY SPÍNOLA DE SOUZA disse:

    Parabéns Professora pela iniciativa.

  20. Adima Jafuri Maia disse:

    Que ideia maravilhosa para trabalhar de forma lúdica a questão etico-racial.

  21. Cristiene Amaral de Paiva disse:

    Amei a iniciativa . Vou adotar.

  22. Mirian Aparecia da Silva Reis disse:

    Parabéns! Lindo trabalho!!!

  23. Aline Holanda do Carmo disse:

    Parabéns!!!!!! Muito Criativa.
    Meus alunos gostam muito de brincar dessa amarelinha.

  24. José Lucas Alves Rocha disse:

    Uma Proposta admirável , em um País tão vasto culturalmente e multirracial, acho pertinente o protagonismo afro-brasileiro e amei a Amarelinha Africana 🙂 .
    Parabéns Professora